no mundo imediatista em que vivemos, o consumo tem que ser rápido e sem reflexão, com aquele viés de confirmação do que já sabemos e pensamos. nada de fazer pensar ou provocar, porque isso exige tempo, e não temos tempo a perder. precisamos pular rápido de like em like, compartilhar rapidamente aquela frase bonita que vai gerar engajamento.
Graciliano é meu autor favorito BR e conterrâneo aqui de Alagoas, mas há um bom tempo percebi com quem é válido conversar sobre ele e com quem não é. São muitas opiniões construídas pela imediaticidade, o F.O.M.O. chegou na literatura, são muitas informações despejadas sem contexto por pessoas que tiveram um contato superficial com algo (vide a polêmica recente sobre leitura dinâmica na ficção). Em sua maioria são jovens que vão se chocar ainda quando, daqui a quinze anos, seus artistas favoritos (hoje atuais) estiverem sendo cancelados por não passarem mais na checklist do que é aceitável. Não se trata de defender clássicos apenas por defender, ou de não se importar com atitudes deploráveis de autores famosos. O que achamos passível de crítica, criticamos; principalmente quando o que consideramos errado está presente por todo o texto. O problema está em não apenas emitir opinião sem estudo como também a tentativa de influenciar o público como validação.
Vejo essa tendência de leitura atual muito ligada a forma que vivenciamos as redes sociais: em bolhas, cancelando tudo que é diverso daquilo que acreditamos dentro daquele grupo específico, passando o olho por informações atrás de informações e tendo paciência para ouvir o outro apenas por 15 segundos.
A gente tem que ser muito forte para resistir a essa dinâmica louca.
Essa do 15 segundos tem me deixado triste. Sei de cada vez mais adolescentes que só conseguem ver filmes com o celular com videos e telas divididas com ASMR, enquanto toca música pra poder se concentrar....Mas acredito que tem muito conteúdo bom na internet e muita gente produzindo e lendo boa coisa, tem que virar uma Peneirinha no lugar de Buchinha que absorve, rs. Um beijão! Obrigada pela leitura 🥺💜
mais que baita texto!! (que me tocou de inúmeras formas, a respeito do processo de leitura como um exercício emancipatório de nós mesmos, além de uma ferramenta para manter viva a nossa subjetividade - num
mundo que nos empurra para o caminho oposto: produzir, produzir, produzir, comprar e vender, ganhar dinheiro. tenho pensado muito nisso, aliás.)
e, também, em como esse processo de amadurecimento enquanto leitores pode ser repleto de sentimentos conflitantes, ambiguidades: saber lidar com essas coisas todas, acredito, seja a chave)
Obrigada Liz! Esse processo de alteridade tem que ser estimulado em nós todos eu penso, porque o condicionamento atual é de nos vermos sempre separados dos outros e cada vez mais individualizados, nunca pensam na gente e a gente nunca pensa no Outro... É tão ambíguo, complexo, conflitante que acho que escapa do texto e passa a ser extra-literário e estar em todos os âmbitos da vida. Acho que o que todo mundo quer, no fundinho, é experimentar de tudo um pouco pra criar autonomia, gosto, se ver no outro...Amei seu comentário...conflitante É o que é! 😭🥺💜
Rola, Aline! É uma prática que segundo as configurações de contrato da Amazon é proibida, mas eles não controlam muito bem...Galera são distribuindo estrelinha pra ganhar bottom, marcador, ecobag...
Beatrix, foi mal errar seu nome. Entendo que é ruim quando erram, não me atentei quando li o primeiro comentário. Em relação ao segundo, senti certa ironia e passivo-agressividade sua, mas não é o tipo de coisa que vou ficar agregando combustível. Senti também que você não curtiu muito tudo o que falei no comentário e partiu apenas pro contexto de suposta generalização no texto. O campo da minha news é de repetição de temas que eu gosto e vejo no mundo, portanto, é um tema individual dentro do campo social, não tá atrelado a opiniões e sim a coisas que li, debates que participei e tudo mais. No entanto, qualquer e todo texto pode ter uma limitação e, dentro do permitido do tamanho da news, o meu foi falar da escolha de leitores como vejo hoje. Todo texto tem viéses, vai da gente tentar encarar isso num olhar de verificar as camadas de representação ou não. Nem tudo é preto no branco, já dizia Guimarães que o mundo é muito misturado, portanto, o que eu falei no texto e no comentário não é como se TODOS os leitores dos gêneros citados fossem e agissem da mesma maneira, mas num produto geral é o que vejo. Também não acho certo cair no campo da individualização. Não ataquei o BTS, não ataquei suas leituras específicas, ou falei de livros pesados como Pachinko e etc. Sua trajetória como leitora é apenas sua e, dentro dela, o objetivo tem que ser ler aquilo que te desperta uma mudança, o que espero e acredito que você faça. Sempre temos que tomar cuidado para diferenciar nossas opiniões de nossos gostos, se sentir atacado por mim por um texto que tenta abraçar todo tipo de leitor que seja Transgressor dentro do seu papel de leitor é se ver como um Remetente Pessoalizado demais, o que não era meu objetivo. Sobre o Matheus, ele se sentiu tão atacado quanto você, quando o comentário do debate cai no campo da ironia e da generalização e para de ser sobre uma conversa sobre os objetivos do texto. Além disso, ele tem um ótimo trabalho na News dele Fazendo Uso, então para além de pessoalizaçōes que vocês deram abertura um para o outro nos comentários pós-irônicos, convido você a ir dar uma lida. Boa leitura do Sparks, também.
Oi Beatriz, cara, amei esse comentário porque era bem o que eu queria trazer com o texto! O debate em relação a contraposição, desconforto, individualidade. Em relação a HP, a problemática é extensa e alongaria tanto a nível de produzir outro texto pra news, mas digo que eu mesma li, a maior parte das pessoas leitoras ou não que conheço leram e alguns adentraram inclusive no mundo da leitura "graças" a série.
Acontece que como uma produção literária difundida nos EUA e UK como suprassumo da criação de mundo, as pesquisas acadêmicas tentam retratar a concepção narrativa do livro como modal pra novas literaturas, o que não é verdade. Além da enorme problemática política e moral da autora (nem vou entrar nesse campo de separar autor da obra e tal), a construção imagética de HP já tinha sido feita antes da JK e foi muito melhor elaborada em livros depois dela, sendo um produto do seu tempo alavancado pelo dinheiro que foi injetado na época e, em outros olhos, pela incrível produção cinematográfica da época. No meu círculo atual, a maior parte das pessoas diz ter superado HP no sentido político, mas as pessoas continuam batendo na tecla de que foi a melhor leitura e construção de mundo que já viram pela questão nostálgica (falei disso no outro texto da A cobra da Nostalgia).
Então o cancelamento existe em nicho, mas não é num âmbito maior. Essa questão de nicho/bolha é uma coisa que tentei trazer no texto também, porque o nicho que cancela HP não está lendo coisas que dêem o apoio para as minorias atacadas pela autora, enquanto o nicho que não cancela coloca num pedestal por não ter lido tantos outros materiais que tenham criado esse efeito de apego como na época de HP.
Em relação a ler livros asiáticos, literatura de conforto ou não por conta da banda, quis dizer que muita gente começa a ler por indicações de pessoas que são influenciadores e/ou respeitam, mas param por aí. Nos estudos que tenho feito de literatura coreana e como ela tem chegado até o Brasil, a maior parte dos leitores chegam através de recomendações de cantores, doramas e outros amantes da cultura e passam a investigar sozinhos e adquirir esse gosto literário.
Minha problemática é quando o gosto literário é fundado em apenas ler livros do mesmo nicho/bolha (a mesma problemática de HP), porque significa que estamos lendo as mesmas coisas com máscaras diferentes, nunca escolhendo livros por autonomia para além da influência. Aliás, adorei a ideia do Clube do Livro, eu mesma sempre tive interesse de participar de um, porque estimula o debate e não torna contraproducente a leitura de diversos tipos de livros (o que não ocorre quando o indivíduo não se autonomiza de influências).
Quando falamos de democratização a literatura falamos também da literatura que desconforta e retira o indivíduo de um estado de alienação pra olhar as coisas apenas como produto. Ele não deve ler, na linha opinião, apenas porque alguém que ele gosta indicou, mas pelo prazer e curiosidade próprias, a ponto de buscar referências para além do hobby material/consumista de ter o livro em mãos, dizer que tem, com fitilho, capa dura, etc.
No Brasil a literatura não é de larga escala e, para piorar, se criou a tendência de colocar o hobby leitura e ler como uma maneira consumista e neoliberal de produtividade: ler mais que os outros por ano, mesmo que sejam os mesmos tipos de livros pra sempre, por conforto, imediatismo como o Pedro mencionou aqui nos comentários, entre outros.
A ideia de "ninguém mais lê" é na verdade dizer que, quando lemos sempre as mesmas coisas e não temos mais vontades (seja pela indicação ou novidade, lançamentos) ficamos parados num espaço-tempo que eu considero não leitura. A ideia de ler é ler o máximo de coisas não em quantidade, mas em gêneros e formatos (Hq, Mangá, News, Conto) desde que isso estimule um debate e uma reflexão para além de so "confirmar nossas existências como indivíduos", porque a literatura não veio pra ser um espelho, um reflexo da gente, mas para gerar debates em clubes do livro, ter novas leituras (as leituras críticas de HP hoje são diferentes do que eram dez anos atrás), novos textos (a crítica e um clube por si só são literatura) e a partir disso nos render mais arte e não uma ideia neoliberal de literatura.
Enfim, sinto muito que o texto não tenha te agradado, mas acho que era exatamente esse tipo de comentário que eu queria trazer. Obrigada pela leitura e pelo comentário!
Decidi me envolver por uma questão ideológica. Não concordo inteiramente com o texto, mas vamos lá.
Peço desculpa se não adivinharam a escrita específica do seu nome.
Todos demonstram preconceitos. Você não é um lírio.
Cada pessoa, novamente, é única. Concordamos.
Seu comentário sempre será válido enquanto agrega mais ou menos a um tema, seu descompromisso com o diálogo, porém, é insinuante.
Não importa o autor favorito do Suga, principalmente um de baixo nível como Paulo Coelho, pouco representativo no que tange os nossos escritores. Seu número de vendas não satisfaz. Não deveria se buscar isso na literatura. É necessário defender nossa capacidade de, enquanto brasileiros, sermos suficientes em nossa produção.
Vendendo muito ou pouco.
Comprar livros bonitos para valorizar o trabalho do designer pressupõe não comprar livros feios sem considerar o trabalho do escritor. Muito menos pago do que artistas plásticos.
Fique à vontade para ler livros bonitos, mas sua disposição em defender a própria posição de maneira tão pessoalizada (inclusive, seu comentário iniciou em corrigir a escrita do seu nome) demonstra, sim, uma predileção pelas facilidades. O livro como manuscrito, artefato material, pode sim ser um produto. Afinal, a sociedade de consumo é inescapável. Agora, se quiser considerar o miolo de um texto como puramente produto, recomendo a saída da frente.
Sua maneira de escrever beira o dedo na cara. Replico aqui esta mesma maneira. Me assusta sua predisposição em crer na possibilidade de redigir qualquer coisa sem "ideologia", "julgamento" ou "viés".
Mas tudo bem.
Sejamos específicos e não generalizemos então.
Continue comprando seus livros. Seja feliz. Leia o que quiser. E evite entrar num ensaio um tanto mais técnico com interesse em buscar uma revisão plena das suas opiniões, afinal, como dito por você, BeatriXXXXXXXX, cada pessoa é única!
Apenas um adendo. Se você preferir evitar ler textos que discordem de você, pelo menos não busque encontrar discordâncias na primeira pista de uma divergência. Você será mais feliz!
no mundo imediatista em que vivemos, o consumo tem que ser rápido e sem reflexão, com aquele viés de confirmação do que já sabemos e pensamos. nada de fazer pensar ou provocar, porque isso exige tempo, e não temos tempo a perder. precisamos pular rápido de like em like, compartilhar rapidamente aquela frase bonita que vai gerar engajamento.
Não tinha pensado tanto na relação entre as escolhas literárias e isso, mas faz sentido...Imediatismo e fuga do que provoca e reflete!
Querida, só admita que você gosta de ler groselha.
Graciliano é meu autor favorito BR e conterrâneo aqui de Alagoas, mas há um bom tempo percebi com quem é válido conversar sobre ele e com quem não é. São muitas opiniões construídas pela imediaticidade, o F.O.M.O. chegou na literatura, são muitas informações despejadas sem contexto por pessoas que tiveram um contato superficial com algo (vide a polêmica recente sobre leitura dinâmica na ficção). Em sua maioria são jovens que vão se chocar ainda quando, daqui a quinze anos, seus artistas favoritos (hoje atuais) estiverem sendo cancelados por não passarem mais na checklist do que é aceitável. Não se trata de defender clássicos apenas por defender, ou de não se importar com atitudes deploráveis de autores famosos. O que achamos passível de crítica, criticamos; principalmente quando o que consideramos errado está presente por todo o texto. O problema está em não apenas emitir opinião sem estudo como também a tentativa de influenciar o público como validação.
Vejo essa tendência de leitura atual muito ligada a forma que vivenciamos as redes sociais: em bolhas, cancelando tudo que é diverso daquilo que acreditamos dentro daquele grupo específico, passando o olho por informações atrás de informações e tendo paciência para ouvir o outro apenas por 15 segundos.
A gente tem que ser muito forte para resistir a essa dinâmica louca.
Um beijo, Ana. Adorei o texto.
Essa do 15 segundos tem me deixado triste. Sei de cada vez mais adolescentes que só conseguem ver filmes com o celular com videos e telas divididas com ASMR, enquanto toca música pra poder se concentrar....Mas acredito que tem muito conteúdo bom na internet e muita gente produzindo e lendo boa coisa, tem que virar uma Peneirinha no lugar de Buchinha que absorve, rs. Um beijão! Obrigada pela leitura 🥺💜
ler como processo de alteridade.
mais que baita texto!! (que me tocou de inúmeras formas, a respeito do processo de leitura como um exercício emancipatório de nós mesmos, além de uma ferramenta para manter viva a nossa subjetividade - num
mundo que nos empurra para o caminho oposto: produzir, produzir, produzir, comprar e vender, ganhar dinheiro. tenho pensado muito nisso, aliás.)
e, também, em como esse processo de amadurecimento enquanto leitores pode ser repleto de sentimentos conflitantes, ambiguidades: saber lidar com essas coisas todas, acredito, seja a chave)
novamente: que BAITA texto! parabéns!!
Obrigada Liz! Esse processo de alteridade tem que ser estimulado em nós todos eu penso, porque o condicionamento atual é de nos vermos sempre separados dos outros e cada vez mais individualizados, nunca pensam na gente e a gente nunca pensa no Outro... É tão ambíguo, complexo, conflitante que acho que escapa do texto e passa a ser extra-literário e estar em todos os âmbitos da vida. Acho que o que todo mundo quer, no fundinho, é experimentar de tudo um pouco pra criar autonomia, gosto, se ver no outro...Amei seu comentário...conflitante É o que é! 😭🥺💜
Gente! Rola isso mesmo de darem brinde pra avaliarem livros com 5 estrelas?
Rola, Aline! É uma prática que segundo as configurações de contrato da Amazon é proibida, mas eles não controlam muito bem...Galera são distribuindo estrelinha pra ganhar bottom, marcador, ecobag...
cope
Vai com Deus.
Beatrix, foi mal errar seu nome. Entendo que é ruim quando erram, não me atentei quando li o primeiro comentário. Em relação ao segundo, senti certa ironia e passivo-agressividade sua, mas não é o tipo de coisa que vou ficar agregando combustível. Senti também que você não curtiu muito tudo o que falei no comentário e partiu apenas pro contexto de suposta generalização no texto. O campo da minha news é de repetição de temas que eu gosto e vejo no mundo, portanto, é um tema individual dentro do campo social, não tá atrelado a opiniões e sim a coisas que li, debates que participei e tudo mais. No entanto, qualquer e todo texto pode ter uma limitação e, dentro do permitido do tamanho da news, o meu foi falar da escolha de leitores como vejo hoje. Todo texto tem viéses, vai da gente tentar encarar isso num olhar de verificar as camadas de representação ou não. Nem tudo é preto no branco, já dizia Guimarães que o mundo é muito misturado, portanto, o que eu falei no texto e no comentário não é como se TODOS os leitores dos gêneros citados fossem e agissem da mesma maneira, mas num produto geral é o que vejo. Também não acho certo cair no campo da individualização. Não ataquei o BTS, não ataquei suas leituras específicas, ou falei de livros pesados como Pachinko e etc. Sua trajetória como leitora é apenas sua e, dentro dela, o objetivo tem que ser ler aquilo que te desperta uma mudança, o que espero e acredito que você faça. Sempre temos que tomar cuidado para diferenciar nossas opiniões de nossos gostos, se sentir atacado por mim por um texto que tenta abraçar todo tipo de leitor que seja Transgressor dentro do seu papel de leitor é se ver como um Remetente Pessoalizado demais, o que não era meu objetivo. Sobre o Matheus, ele se sentiu tão atacado quanto você, quando o comentário do debate cai no campo da ironia e da generalização e para de ser sobre uma conversa sobre os objetivos do texto. Além disso, ele tem um ótimo trabalho na News dele Fazendo Uso, então para além de pessoalizaçōes que vocês deram abertura um para o outro nos comentários pós-irônicos, convido você a ir dar uma lida. Boa leitura do Sparks, também.
Oi Beatriz, cara, amei esse comentário porque era bem o que eu queria trazer com o texto! O debate em relação a contraposição, desconforto, individualidade. Em relação a HP, a problemática é extensa e alongaria tanto a nível de produzir outro texto pra news, mas digo que eu mesma li, a maior parte das pessoas leitoras ou não que conheço leram e alguns adentraram inclusive no mundo da leitura "graças" a série.
Acontece que como uma produção literária difundida nos EUA e UK como suprassumo da criação de mundo, as pesquisas acadêmicas tentam retratar a concepção narrativa do livro como modal pra novas literaturas, o que não é verdade. Além da enorme problemática política e moral da autora (nem vou entrar nesse campo de separar autor da obra e tal), a construção imagética de HP já tinha sido feita antes da JK e foi muito melhor elaborada em livros depois dela, sendo um produto do seu tempo alavancado pelo dinheiro que foi injetado na época e, em outros olhos, pela incrível produção cinematográfica da época. No meu círculo atual, a maior parte das pessoas diz ter superado HP no sentido político, mas as pessoas continuam batendo na tecla de que foi a melhor leitura e construção de mundo que já viram pela questão nostálgica (falei disso no outro texto da A cobra da Nostalgia).
Então o cancelamento existe em nicho, mas não é num âmbito maior. Essa questão de nicho/bolha é uma coisa que tentei trazer no texto também, porque o nicho que cancela HP não está lendo coisas que dêem o apoio para as minorias atacadas pela autora, enquanto o nicho que não cancela coloca num pedestal por não ter lido tantos outros materiais que tenham criado esse efeito de apego como na época de HP.
Em relação a ler livros asiáticos, literatura de conforto ou não por conta da banda, quis dizer que muita gente começa a ler por indicações de pessoas que são influenciadores e/ou respeitam, mas param por aí. Nos estudos que tenho feito de literatura coreana e como ela tem chegado até o Brasil, a maior parte dos leitores chegam através de recomendações de cantores, doramas e outros amantes da cultura e passam a investigar sozinhos e adquirir esse gosto literário.
Minha problemática é quando o gosto literário é fundado em apenas ler livros do mesmo nicho/bolha (a mesma problemática de HP), porque significa que estamos lendo as mesmas coisas com máscaras diferentes, nunca escolhendo livros por autonomia para além da influência. Aliás, adorei a ideia do Clube do Livro, eu mesma sempre tive interesse de participar de um, porque estimula o debate e não torna contraproducente a leitura de diversos tipos de livros (o que não ocorre quando o indivíduo não se autonomiza de influências).
Quando falamos de democratização a literatura falamos também da literatura que desconforta e retira o indivíduo de um estado de alienação pra olhar as coisas apenas como produto. Ele não deve ler, na linha opinião, apenas porque alguém que ele gosta indicou, mas pelo prazer e curiosidade próprias, a ponto de buscar referências para além do hobby material/consumista de ter o livro em mãos, dizer que tem, com fitilho, capa dura, etc.
No Brasil a literatura não é de larga escala e, para piorar, se criou a tendência de colocar o hobby leitura e ler como uma maneira consumista e neoliberal de produtividade: ler mais que os outros por ano, mesmo que sejam os mesmos tipos de livros pra sempre, por conforto, imediatismo como o Pedro mencionou aqui nos comentários, entre outros.
A ideia de "ninguém mais lê" é na verdade dizer que, quando lemos sempre as mesmas coisas e não temos mais vontades (seja pela indicação ou novidade, lançamentos) ficamos parados num espaço-tempo que eu considero não leitura. A ideia de ler é ler o máximo de coisas não em quantidade, mas em gêneros e formatos (Hq, Mangá, News, Conto) desde que isso estimule um debate e uma reflexão para além de so "confirmar nossas existências como indivíduos", porque a literatura não veio pra ser um espelho, um reflexo da gente, mas para gerar debates em clubes do livro, ter novas leituras (as leituras críticas de HP hoje são diferentes do que eram dez anos atrás), novos textos (a crítica e um clube por si só são literatura) e a partir disso nos render mais arte e não uma ideia neoliberal de literatura.
Enfim, sinto muito que o texto não tenha te agradado, mas acho que era exatamente esse tipo de comentário que eu queria trazer. Obrigada pela leitura e pelo comentário!
Decidi me envolver por uma questão ideológica. Não concordo inteiramente com o texto, mas vamos lá.
Peço desculpa se não adivinharam a escrita específica do seu nome.
Todos demonstram preconceitos. Você não é um lírio.
Cada pessoa, novamente, é única. Concordamos.
Seu comentário sempre será válido enquanto agrega mais ou menos a um tema, seu descompromisso com o diálogo, porém, é insinuante.
Não importa o autor favorito do Suga, principalmente um de baixo nível como Paulo Coelho, pouco representativo no que tange os nossos escritores. Seu número de vendas não satisfaz. Não deveria se buscar isso na literatura. É necessário defender nossa capacidade de, enquanto brasileiros, sermos suficientes em nossa produção.
Vendendo muito ou pouco.
Comprar livros bonitos para valorizar o trabalho do designer pressupõe não comprar livros feios sem considerar o trabalho do escritor. Muito menos pago do que artistas plásticos.
Fique à vontade para ler livros bonitos, mas sua disposição em defender a própria posição de maneira tão pessoalizada (inclusive, seu comentário iniciou em corrigir a escrita do seu nome) demonstra, sim, uma predileção pelas facilidades. O livro como manuscrito, artefato material, pode sim ser um produto. Afinal, a sociedade de consumo é inescapável. Agora, se quiser considerar o miolo de um texto como puramente produto, recomendo a saída da frente.
Sua maneira de escrever beira o dedo na cara. Replico aqui esta mesma maneira. Me assusta sua predisposição em crer na possibilidade de redigir qualquer coisa sem "ideologia", "julgamento" ou "viés".
Mas tudo bem.
Sejamos específicos e não generalizemos então.
Continue comprando seus livros. Seja feliz. Leia o que quiser. E evite entrar num ensaio um tanto mais técnico com interesse em buscar uma revisão plena das suas opiniões, afinal, como dito por você, BeatriXXXXXXXX, cada pessoa é única!
Apenas um adendo. Se você preferir evitar ler textos que discordem de você, pelo menos não busque encontrar discordâncias na primeira pista de uma divergência. Você será mais feliz!
Eu avisei. Repliquei o que vi. Você lê muito mal... E vai continuar lendo se sua próxima leitura for o bostolão do Sparks.