Anaforismos

Anaforismos

Share this post

Anaforismos
Anaforismos
Um filho na sala de cirurgia

Um filho na sala de cirurgia

Como saber se seu livro está pronto e um pouco sobre o meu, em primeiríssima mão

Avatar de Ana Gabriela
Ana Gabriela
mai 17, 2024
∙ Pago
8

Share this post

Anaforismos
Anaforismos
Um filho na sala de cirurgia
1
Partilhar
“Esse é um projeto secreto por motivos de: ainda não me sinto confortável de falar dele publicamente e de maneira gratuita. Se você pagou a assinatura e leu esse texto, sinta-se privilegiado por ver fotos dele em primeira mão. Também pode ocorrer desse texto ser arquivado perto da época de lançamento e/ou a depender de como meu emocional estiver e da editora, se tornar gratuito.”
Imagens de textura que estão no livro.

Desde 2018 tenho um personagem mitomaníaco, que está no ensino médio completamente sem limites sobre suas fofocas e essa realidade virtual e física que criou para si. Ele foi inspirado numa “ex”-amiga  (dá pra ser ex-amigo de alguém?) que tinha uma história cabulosa na família. Ele queria que a história dele fosse contada. Queria um mundo pra viver sua narrativa. Uma narrativa que eu não sabia qual era.

Em 2020, criei uma personagem preta, retinta, loira, dos olhos verdes que era tudo que eu, uma mulher recém confirmada como bissexual queria enquanto estava trancada no meu quarto com medo do que viraria essa epidemia, que logo se tornou pandemia. Ela veio linda, deslumbrante como uma deusa, num período em que o Brasil passava por uma transição levíssima para o”Evangelistão” e tudo isso me assustava, também como uma pessoa da umbanda. 

A personagem já veio como uma acusada, pela cor, ainda que sua classe social devesse lhe dar privilégios, porque cortes de raça são um critério mais afetado que de classe. Só olhar o que hoje, um dos maiores jogadores do mundo, Vini Jr, passa, apesar de sua posição financeira e no mundo do futebol. Minha personagem tinha sobrenome e pai espanhol. Uma Ramirez. Ela já veio ao mundo amada. Mas isso não foi o suficiente. Quando dei por mim, a história dela estava pronta.

Precisava encaixar o personagem mentiroso nessa escola e nesse mundo que dei de presente pra minha deusa, porque eles tinham tudo em comum. Poderiam ser BFF’S se o mundo narrativo quisesse. Mas o mundo real não é como queremos, porque nossas invenções seriam? 

Sou o tipo de escritora que acredita que a estrutura narrativa deve ser hermética a fim de que tudo se justifique nesse mundo criado. É necessário coesão. É necessário corpo narrativo, mais do que vontade de contar uma história. Apesar disso, acho que a estrutura do mundo cria causalidades para além do que o autor quer ou planeja. Meu mundo exigiu que eu desse corpo narrativo a quem acusava a minha personagem. Precisava que eu lhe desse um par de olhos, tufos de cabelo, um corpo adulto e sonhos do passado. Aproveitei e lhe dei um personagem com nome francês, simplesmente porque ele surgiu ali, bonito, pronto pra entrar numa trama digna de filme de comédia romântica da sessão da tarde nos anos 2000.

Uma amiga minha, revisora, com quem já trabalhei, estava fazendo um projeto de pós-graduação em editoração e precisava de duas coisas: uma autora e um livro. No caso, ela veio até mim por gostar do que eu escrevia e ficamos com uma autora e um sonho, já que o que eu tinha eram recortes narrativos de um mundo da minha época de ensino médio que queria gritar pro mundo:

Continue a ler com uma experiência gratuita de 7 dias

Subscreva a Anaforismos para continuar a ler este post e obtenha 7 dias de acesso gratuito ao arquivo completo de posts.

Já é um subscritor com subscrição paga? Entrar
© 2025 Ana Gabriela
Privacidade ∙ Termos ∙ Aviso de cobrança
Comece a escreverObtenha o App
Substack é o lar da grande cultura

Partilhar